quinta-feira, 15 de setembro de 2011

Pérola Negra 2011



O Concurso de Miss Universo que acontece anualmente há 60 anos, teve pela primeira vez sede no Brasil. Muitos países com tradição em modelos muito brancas, apostaram esse ano nas suas belezas mais bronzeadas... Mas o Brasil não teve nenhuma candidata negra a Miss Brasil esse ano. Leila Lopes mereceu a coroa por todos os critérios que requer uma Miss Universo. Mas será que, em 60 anos, Leila Lopes foi a única beleza negra digna desse título? Esse ano muitas finalistas eram asiáticas, parece que o discurso do multiculturalismo tomou conta do concurso.
O lance é aproveitar o poder da mídia e o reinado de Miss Universo Leila Lopes para dar aquela "repaginada" no arquétipo Princesa que costumava ter pele branca como a neve e olhos azuis como o lago....
Depois que a Walt Disney lançou sua primeira Princesa Negra quando lançou em 2009 o filme A Princesa e o Sapo, enfim, o Ocidente conhece a primeira Princesa Negra de carne e osso.

By Poliana Rezende

3 comentários:

Liginha disse...

Se olharmos para os números da desigualdade veremos que, do ponto de vista da cidadania e dos direitos, o ocidente/oriente ainda estão longe de práticas de equidade e respeito para com a população negra, em especial as mulheres. A pobreza tem sexo e tem cor. Por outro lado, é preciso aproveitar a onda do multiculturalismo comercial e denunciar a desigualdade entre mulheres negras e brancas, com vistas a efetivar um MULTICULTURALISMO CRÍTICO.

Poli disse...

A especificidade do racismo brasileiro tenta aparentar que somos de fato o que diz nosso rótulo internacional, "uma paraíso racial", mas a pré disponibilidade do sentimento de piedade ou a compensação ("os negros tem as melhores vozes") também são expressões de racismo. Nas redes sociais vi alguns comentários desse tipo: "tadinha dela, mereceu ganhar".
Durante o concurso, um comentário recorrente dos apresentadores brasileiros era: "que ousadia dela em desfilar o tempo todo de cabelos presos". O cabelo preso pode ter vários significados. Minha leitura tende para o positivo e o afirmativo: ela ousou em desfilar com cabelos presos quando a maioria das mulheres usa o cabelo como complemento ou como realçador da beleza. No desfile, a maioria estava com cabelos soltos. Isso significa que, mesmo que Leila Lopes tenha utilizado os cabelos presos pq a equipe por trás havia feito um estudo das tendências e etc... mas ela foi a única que ousou arriscar nessa possibilidade. Eu acho que o cabelo preso foi (mesmo que não tenha sido a intenção) uma ótima estratégia de "agradar a gregos e troianos" na medida em que no contexto atual e brasileiro a estética branca ainda é o padrão de beleza dominante e que a militância negra, consequentemente, tem defendido a valorização da estética negra essencializada.
Uma mulher negra está no topo do mundo. Esse fato é importante. Isso já bastou para minha filha desconstruir aquele ideal (loira dos olhos azuis) ensinado pelos contos de princesas. Agora, tenho esperanças de que, no Brasil, as modelos negras comecem a ocupar as publicidades de moda, roupas íntimas, cervejas, faculdades... e não só sabão em pó

Júnia disse...
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